Virginia Fonseca e Suzane Richthofen:
a estética da inocência como estratégia de absolvição
DIREITO PENAL
Roberto Moreira
5/15/20253 min read


Por trás de um olhar doce, pode haver uma defesa estratégica. E, às vezes, isso diz mais do que mil palavras.
Nos últimos dias, a influenciadora Virginia Fonseca surpreendeu o público ao adotar um comportamento considerado "infantilizado" durante seu depoimento na CPI das Apostas Esportivas, a famosa CPI das Bets. Com voz mansa, expressões simples e trejeitos que lembravam mais uma adolescente do que uma empresária milionária, Virginia despertou tanto a empatia quanto o deboche da opinião pública.
Mas o que parece uma atitude espontânea pode, na verdade, ser uma peça bem encaixada no tabuleiro da comunicação não-verbal — algo que, há décadas, influencia julgamentos nos tribunais e fora deles. O caso remete, inevitavelmente, à figura de Suzane Von Richthofen, que chocou o país em 2002 ao ser condenada por planejar o assassinato dos próprios pais, mas que nos tribunais — e, especialmente, perante a mídia — adotou a imagem da “menina delicada, frágil, indefesa”.
Coincidência? Ou método?
A imagem como estratégia de defesa
Virginia e Suzane têm histórias completamente distintas. Uma é empresária e influenciadora digital, a outra cumpriu pena por um dos crimes mais brutais do Brasil. Mas ambas se beneficiaram da estética da inocência, aquela imagem de "menina doce", com roupa clara, cabelo arrumado, postura encolhida e fala contida. Essa comunicação visual e corporal pode ter efeitos reais sobre a forma como o público — e até autoridades — percebem sua responsabilidade.
Seja na CPI, no tribunal do júri ou no feed do Instagram, a forma como alguém se apresenta pode funcionar como um "advogado silencioso". Isso não substitui argumentos, provas ou leis, claro. Mas reforça uma ideia que o mundo jurídico conhece bem: o julgamento começa antes da sentença.
Quando a advocacia vai além das palavras
No exercício da defesa — seja no Judiciário, numa CPI parlamentar ou num litígio de alto impacto — bons profissionais sabem que a estratégia nunca se limita ao que se diz. Ela envolve como se diz. E, muitas vezes, como se mostra.
Uma banca de defesa que prepara bem seu cliente não o faz apenas com argumentação jurídica. Ela orienta postura, tom de voz, linguagem corporal e até o figurino. Tudo isso dentro dos limites éticos, mas consciente de que o inconsciente coletivo, os vieses visuais e o apelo emocional podem pesar — e muito — na balança.
É aí que se distingue a atuação técnica de um profissional comprometido com o resultado, e não apenas com a liturgia formal.
A CPI como palco e o tribunal da opinião pública
Na CPI das Bets, Virginia não estava sendo julgada no sentido jurídico do termo. Mas estava sendo escrutinada — por senadores, pela imprensa e por milhões de brasileiros. Seu comportamento, sua fala e sua imagem foram minuciosamente analisados e viralizados. Isso mostra que, em 2025, a imagem pública tem tanto peso quanto uma defesa oral.
E é exatamente por isso que as aparências continuam não enganando — mas sim, influenciando.
Conclusão: muito além do "parecer"
Na advocacia, saber o que fazer é só parte do trabalho. Saber como conduzir cada etapa do processo — incluindo o comportamento do cliente — é o que separa a defesa protocolar da defesa estratégica.
É por isso que cada caso exige um olhar profundo, multidisciplinar e consciente do jogo que está sendo jogado — nas palavras, nos gestos e na forma como o mundo vê aquela pessoa.
Se você está enfrentando uma situação onde a sua imagem importa tanto quanto a sua verdade, buscar orientação jurídica de confiança pode ser o primeiro passo para não ser mal interpretado nem julgado por aparências.
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